Jornalista mais querido do Brasil deixa saudades, mas também uma reflexão sobre como estamos vivendo a nossa vida
Esta semana, a morte do jornalista Ricardo Boechat pegou todo mundo de surpresa. Foi um susto saber que, um dos jornalistas mais importantes da atualidade, cuja voz saindo do rádio e da TV acompanhava as tarefas diárias de brasileiros dentro e fora do país, foi embora, sem se despedir.
A partida nos choca porque parece ser abrupta e repentina (ele tinha apenas 66 anos), mas no fundo fica a sensação de que ela faz parte de uma etapa, de um ciclo. É como se essa ‘parte’ da jornada fosse necessária para que completasse uma missão, um objetivo, um desfecho.
E o Boechat completou um baita ciclo.

Para quem não conhece a carreira dele, numa rápida busca pela internet dá para perceber que Boechat não escrevia apenas notícias, reportagens ou palestras. Ele construía narrativas únicas – por meio de sua autenticidade, do seu humor, do espírito crítico – que marcaram a vida de milhares de pessoas. Será que ele tinha consciência disso?
Bem provável que sim.
Não é a toa que virou recordista de troféus Comunique-se e ganhou 3 Prêmios Esso (considerado o prêmio mais importante para um jornalista). Igualmente por conta de seu trabalho bem sucedido foi eleito, em 2014, o jornalista mais admirado do Brasil.
Mas quem vê tanto reconhecimento não imagina que ele foi fruto de décadas de trabalho duro: Boechat começou sua carreira como assessor de imprensa ainda adolescente.
Em 1970 estreou na redação do Diário de Notícias como assistente, depois assumiu uma coluna no jornal O Globo, escreveu para o Estado de São Paulo e virou até secretário de Comunicação do governo do Rio de Janeiro nos anos 80.
Além dos troféus, Boechat também colecionava amigos. Jornalistas, familiares, motoristas de táxi e até inimigos políticos não conseguem negar a relevância e reputação que o precederam.
‘Não é uma pessoa que possa ser substituída’, disse sua amiga de profissão, Miriam Leitão.
Outro colega de emissora, o apresentador Eduardo Barão, escreveu: ‘Era por meio da sua voz que o povão pobre e o povão rico se sentia representado, com forças pra aguentar mais um dia’.
Mas foi em 2005 que Boechat passou a ocupar um espaço especial no coração de seus ouvintes e telespectadores, como âncora do noticiário matinal BandNews FM e mais tarde como apresentador do ilustre Jornal da Band – para onde estava indo preparar a sua próxima edição, quando o helicóptero que o levava caiu.
Mas esta notícia do Boechat nos conecta a outras notícias recentes.
O helicóptero no Rodoanel, o incêndio no CT do Flamengo, o rompimento da barragem em Brumadinho, o assassinato de Marielle Franco, a queda do avião da Chapecoense. E muitas histórias diferentes que nos remetem à certeza de que a vida é finita e à pergunta que não quer calar: ‘estamos vivendo a vida como gostaríamos?’
Apesar de ser uma pergunta ampla, ela vai direto ao ponto. Pensar no que estamos fazendo hoje para nos aproximarmos de nossa própria felicidade é um exercício difícil, que procrastinamos sem motivos ou justificativas. Por pura ilusão de que sempre existirá o amanhã.

Mas a explicação para isso pode ser simples do que imaginamos: na maioria das vezes é mais fácil negligenciarmos o esforço de pensar na nossa felicidade e nos caminhos que nos levam até ela porque temos medo do confronto. Temos medo do desafio. Temos medo.
Simplesmente não queremos pensar naquilo que nos faz feliz, pois sabemos que isso nos custará abrir mão do emprego estável, do relacionamento cômodo e da zona de conforto.
Ser feliz dá trabalho, exige suor, nos requer quebrar paradigmas, tabus e nos leva até o limite de nós mesmos. Ser feliz muitas vezes exige coragem, persistência e paciência.
Coragem, persistência, paciência. Percebe?
São as palavras-chave presentes na vida daqueles garotos que perseguiam o sonho de se tornarem a geração de melhores jogadores de futebol do país.
Palavras que representam a busca por uma vida melhor, mais digna, dos trabalhadores e cidadãos de Brumadinho, no interior de Minas Gerais.
Que estavam gravadas na alma de uma vereadora que lutava por direitos humanitários para as minorias do Rio de Janeiro.
Que acompanharam 76 pessoas na esperança de levar o troféu do primeiro lugar na Copa Sul-Americana em 2016 na Colômbia.
São valores, propósitos que movem as pessoas. E você? Qual é o seu propósito? O que te move hoje?
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