A pandemia COVID-19 mudou para sempre a forma como trabalhamos. Quebramos todos os tabus possíveis que vivemos até então no ambiente corporativo, criamos novas rotinas como o distanciamento social, nos ajustamos às medidas sanitárias, mudamos nosso comportamento para aprender coisas novas.
Mas para além da produtividade que aumentou e a flexibilidade do home office, será que o saldo dessa mudança foi positivo?
A consultora Patty McCord passou os últimos anos viajando pelo mundo dando palestras em startups, com equipes de liderança e analisando as principais percepções que empresas e colaboradores coletaram de sua mudança para trabalhar em casa.
“Por mais que a gente ame o nosso trabalho, é preciso entender que o trabalho é o trabalho e a família, é a família. A família é alguém que precisa ter a fralda trocada. A família é a garantia de que você vai cuidar de sua mãe”, explica Patty.
Se antes existia uma separação física e bem delimitada entre as duas coisas, hoje isso já se misturou: não estamos mais em casa e no trabalho, já que o trabalho é em casa e a casa é o trabalho. Isso cria um nível diferente de complexidade e coordenação entre as tarefas domésticas e as do trabalho.
Além de sermos capazes de criar mecanismos para separar as duas coisas e não perder esse equilíbrio, também aprendemos lições importantes sobre o que realmente importa no trabalho e aquilo que não faz mais sentido manter. Confira abaixo estas lições!
Lição 1 – Chegou a hora de abandonar os rituais sem sentido e buscar por resultados que realmente importam
Uma coisa que pode nos ajudar a equilibrar a quantidade de horas de trabalho ou até definir o que é o nosso trabalho de fato é pensar nos resultados que realmente importam. Uma vez que não existe mais o “passar para olhar quem está trabalhando ou não”, o foco fica totalmente nas entregas e na qualidade delas e não mais no cumprimento de carga horária ou de tarefas sem pé, nem cabeça.
O resultado “certo” será aquele que estiver o mais contextualizado possível, ou seja, o sucesso vai depender daquilo que faz sentido para a sua organização, não a do vizinho. Por isso, é importante que a gente ensine as pessoas da nossa empresa a ler uma demonstração de resultado, a entender o que as diferentes equipes fazem e o que estão se preparando para realizar.
“As pessoas em suas pequenas equipes e dentro delas mesmas, conseguirão descobrir o que é excelência para elas. Assim podemos começar a agir de modo independente, como uma organização completa, pois estaremos caminhando no mesmo sentido, tentando fazer a mesma coisa”, explica Patty.
Lição 2 – Precisamos aprender a nos comunicar de forma eficiente
A pandemia mudou a forma como nos comunicamos. Nossa tendência é pensar que a comunicação é uma imposição que começa de cima para baixo, o famoso “isso veio da gerência”.
Isso não funciona mais. Agora precisamos garantir a clareza e consistência das mensagens. As pessoas precisam entender as mensagens para tomar as melhores decisões. Por isso, todos nós precisamos ser bons comunicadores. Inclusive, aqui na House, temos alguns cursos que ensinam a se comunicar com empatia e eficiência.
“Temos que refletir sobre a disciplina certa para isso. Se você costumava se comunicar com sua equipe passando e perguntando como eles estavam ou se ouviram falar de algo, você vai precisar se planejar agora e ter disciplina.”, diz Patty.
Garanta que todos estão ouvindo o que precisam, porque isso não vai acontecer automaticamente.
Anote no final de cada dia uma frase sobre o que deu certo e o que não deu. Você pode voltar depois e analisar o que foi eficiente para tornar escalável ou eliminar se essa forma de se comunicar tiver causado mais confusão ou transtornos à sua equipe. Durante esse processo talvez você descubra que algumas reuniões não foram tão eficazes e possam ser transformadas em um e-mail.
Lição 3 – Precisamos nos conformar que algumas coisas que fazíamos antes, não funcionam mais agora
Talvez a gente não precise mais de 5 níveis de aprovação. Talvez não precisemos voltar a fazer avaliações anuais de desempenho. Talvez não precisemos fazer um monte de coisas que faziam parte de nosso modo de fazer negócios, e que simplesmente não fazem diferença. Estamos descobrindo coisas maravilhosas agora e não podemos perder isso. Esta é a nossa chance de criar uma nova organização, uma força de trabalho, animada em levar adiante tudo que aprendemos, usando este vigor.
“O mais importante é percebermos o que estamos fazendo agora. As coisas que paramos de fazer, não devemos voltar a fazê-las novamente. E se não voltarmos? E se seguirmos em frente e repensarmos a nossa maneira de trabalhar?”, finaliza a especialista.