Nas minhas palestras, treinamentos e aqui no blog falo muito sobre como vivemos em uma sociedade cada vez mais doente, com índices assustadores e crescentes de ansiedade, a explosão do Burnout nas empresas e até mesmo da depressão.
Não é a toa que órgãos de saúde e poder público estão cada vez mais preocupados com esta situação. Já que, muitos destes problemas de saúde – se não a maioria – estão diretamente ligados aos casos de suicídio no mundo, está mais do que na hora de encontrarmos formas para conter essas epidemias.
Mas, enquanto todas essas doenças apresentam sintomas bastante contundentes e ganham mais visibilidade, eu me dei conta de que um dos grandes problemas que pode estar acabando com a nossa saúde mental é a solidão.
Apesar de anos trabalhando em grandes empresas, me relacionando com empresários, profissionais dos mais diversos segmentos, eu não fazia ideia de como as pessoas se sentem solitárias.
Uma reportagem recente da Revista Superinteressante mostrou um dado chocante: 76% dos norte-americanos apresentam níveis de moderados a altos de solidão. Aliás, a própria Superinteressante havia divulgado uma pesquisa anterior mostrando que a solidão é tão nociva que mata mais do que fumar 15 cigarros por dia.
E eu me refiro à solidão como um perigo silencioso porque, por muito tempo, “estar sozinho” era sinônimo de “autonomia” e de conquista da independência financeira. Ou seja, acreditávamos que estar sozinho era uma coisa boa.
E realmente existe um ‘estar sozinho’ positivo. É quando escolhemos os momentos à sós com a gente mesmo de forma consciente e o usamos para valorizar a nossa própria companhia. Mas, em um determinado momento de nossa existência, essa tão sonhada liberdade começa a se confundir com isolamento social.
E é justamente nesse ponto que milhares de pessoas ultrapassam a linha tênue entre solitude e solidão. Elas começam a se sentir solitárias mesmo quando estão na companhia de outros, ou tentam substituir os relacionamentos pessoais com os virtuais.
Em casos mais avançados, essas pessoas cultivam um processo de profunda separação e manifestam sentimentos prolongados de abandono, rejeição, insegura, falta de esperança, entre outros.
Para se ter uma ideia de como o problema é real, no Reino Unido foi preciso criar um ministério para cuidar do assunto, já que no país o isolamento social involuntário já atinge 9 milhões de pessoas, ou seja, 15% da população.
Já no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, três em cada dez não tiveram dúvidas em eleger “acabar sozinho” como seu pior medo. Para eles a solidão é pior do que perder a visão ou que não conseguir se locomover. Aliás, morar sozinho é a realidade de 30 milhões de pessoas brasileiros, ditando uma verdadeira tendência que gera diversos tipos de impacto na sociedade: desde o mercado consumidor, mobilidade urbana até econômicos.
Outros estudos feitos com ratos de laboratório relevaram que, um mês isolado tem poder para deformar o hipocampo (região do cérebro que coordena as lembranças) e causa uma série de outras consequências que desregulam nosso organismo.
Mas os danos não são apenas biológicos. O neurocientista John Cacioppo, da Universidade de Chicago adverte: o isolamento elimina a sensação de propósito da vida de qualquer pessoa. Segundo ele, desenvolver habilidades coletivas e não depender apenas da nossa mente individual é uma questão de sobrevivência da espécie humana.
Somos seres tão dependentes de conviver com outros que tentamos evitar a solidão a todo custo: sentindo saudade de casa, agonia do luto, tristeza ao viver um amor não-correspondido ou sentindo a dor de ser desprezado.
Resumindo: assim como a dor física existe para nos avisar de que há algo de errado com o nosso corpo, a dor da solidão é um alerta de ameaça social. Basta lembrar que os indivíduos mais perigosos são castigados com o isolamento social total – como nas solitárias, por exemplo.
E não é difícil de chegar à conclusão de que a solidão também pode afetar a vida no trabalho.
Quando alguém pergunta quais são as qualidades de um bom gestor, líder ou colega de trabalho, geralmente listamos aquelas que têm alguma relação com o benefício do grupo.
Por exemplo, escolhemos a “empatia”, que é a compreensão do sentimento do outro, ao invés do egoísmo que é o hábito de colocar seus interesses individuais como prioridade. Ou durante um processo seletivo, observamos que os profissionais de Recursos Humanos ou recrutamento costumam valorizar os candidatos que demonstram sua facilidade em “trabalhar em equipe” e assim por diante.
Também não é uma coincidência que, os profissionais com quem gostamos de trabalhar também são aqueles com quem queremos compartilhar momentos fora do escritório.
Não é à toa que estas pessoas estabelecem vínculos sociais de qualidade e acabam tendo sucesso na carreira, fazendo conexões profissionais importantes, conquistando mais a confiança de sua equipe e desenvolvendo melhor sua capacidade de comunicação e outras soft skills essenciais.
Por outro lado é alarmante que muitas empresas não deem a devida atenção às pessoas que estão adoecendo dentro do ambiente de trabalho. Mais do que controlar os índices de depressão, ansiedade e burnout está na hora dessas empresas despertarem para as causas desses problemas.
– Por que estamos tão solitários mesmo na era das redes sociais?
– O que podemos fazer para deixar as pessoas menos sozinhas?
– Como tornar o ambiente de trabalho mais saudável para a saúde mental das pessoas?
Do estagiário até o CEO, já passou da hora de revermos essas questões e tomarmos uma atitude que mude essa trágica realidade. Precisamos falar de nossos sentimentos, precisamos ser corajosos e admitir nossa vulnerabilidade, precisamos confiar mais uns nos outros. Só assim vamos conseguir garantir o nosso futuro longe da solidão de nós mesmos.
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